Diante da crescente tensão na fronteira da Rússia com a Ucrânia, um conflito que envolveria direta e indiretamente diversos países gera incertezas no mundo. No cenário atual, o que aconteceria se os soldados russos recebessem a ordem de avançar em direção ao território ucraniano?
As consequências imediatas do ponto de vista dos países europeus seriam o colapso do fornecimento de gás natural e o aumento do preço do petróleo, segundo o geógrafo João Correia de Andrade.
Essa situação divide a Europa e dificulta uma ação conjunta da União Europeia e até da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A Alemanha, que depende do gás vendido pela Rússia, já se antecipou em declarar que não mandaria tropas e armamentos para o lado ucraniano, como fizeram outros membros da Otan.
O professor Carlos Gustavo Poggio, do curso de relações internacionais da Faap, ressalta que a Rússia utiliza há muito tempo o que é conhecido como a “geopolítica do gás“.
“O país faz disso uma ferramenta política, e não apenas uma questão econômica. Se o gás natural for cortado para a Europa, isso trará grande impacto porque a região passa pelo inverno e precisa do gás russo para aquecer suas casas.”
Posição dos Estados Unidos
No caso dos EUA, mais do que a tomada de atitude diante de uma ordem de invasão da Ucrânia, existe um resquício da Guerra Fria que faz com que os americanos busquem mostrar força e poder ao mundo e, principalmente, à Rússia e seus aliados.
Na última terça-feira (1º), Putin se pronunciou sobre a crise na fronteira, depois de cinco semanas de silêncio, e acusou o governo Biden de tentar forçar um conflito na Ucrânia para criar um motivo para adotar sanções contra a Rússia.
O governo russo também pediu que os americanos parem de “alimentar” a tensão no Leste Europeu com o envio de tropas. O pedido veio após os EUA direcionarem mais 3.000 soldados para a Romênia e para a Polônia.
“A grande questão é que, se os Estados Unidos não derem uma resposta à altura, isso indicará para o resto do mundo que nós estamos entrando em uma nova era nas relações internacionais em que Estados mais poderosos, como a Rússia, podem se sentir mais à vontade para conseguir conquistar Estados menos poderosos”, diz o professor Poggio, que explica que estamos em um momento em que as regras do ordenamento internacional se redefinem.
Gunther Rudzit, professor do curso de relações internacionais da ESPM, vai mais longe ao falar das consequências de um conflito envolvendo a Rússia, os EUA e a Europa. “As pessoas esquecem que as armas termonucleares, as bombas de hidrogênio e atômicas ainda existem nesses países. A quantidade dessas armas estratégicas que a Rússia e os EUA têm pode destruir a Terra 16 vezes.”
Apesar do risco de um conflito entre grandes potências militares, o professor João Correia não exclui a possibilidade de a Rússia anexar partes do país vizinho e expandir sua influência na região. “Pouco a pouco os russos vão fazer incursões cirúrgicas na fronteira com a Ucrânia e buscar anexar as áreas que são simpáticas ao seu governo, como o leste ucraniano.”
A estratégia usada seria o financiamento de grupos favoráveis ao governo russo, algo que já acontece e antecede as atuais tensões na região.
“O país vai continuar alimentando grupos paramilitares que tentam criar uma instabilidade na Ucrânia. Quanto mais instável a Ucrânia estiver, melhor para a Rússia, porque poderá se aproximar da fronteira e afastar a Otan.”
R7.com
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