"Ele apagou a luz da minha vida", diz a funcionária pública de 34 anos (identidade preservada), que foi violentada sexualmente aos 23. A vítima engravidou do criminoso e decidiu ter o filho. Mesmo dizendo que nunca se recuperou do trauma sofrido, ela conta que procura esquecer o dia em que foi abordada na porta de casa, quando voltava da faculdade e foi atacada. Ela afirma que a agressão mudou toda sua vida. "Aquela noite foi o fim para mim. Fiquei humilhada, me sentindo culpada pelo que aconteceu. Ele repetia que quem andava com uma 'sainha' curta como a minha estava pedindo que aquilo acontecesse. Eu me martirizava pensando que poderia ter evitado". Mesmo tendo sido submetida a um crime extremamente violento, ela decidiu não procurar a Polícia. Jamais denunciou o estupro. "Eu tinha vergonha de assumir que tinha sido estuprada. Não queria contar o terror que vivi. Sentia que estava suja. As marcas que ele deixou não foram apenas na pele, foram na alma. Infelizmente, ele conseguiu me destruir".
Dois meses depois do crime, a funcionária pública descobriu que estava grávida e decidiu ter o filho, por influência dos pais. "Minha família é católica e decidimos que eu não faria o aborto. Não vejo a criança como o filho de um monstro, o resultado de um crime. Ele foi criado como meu irmão. Não tenho raiva dele, mas confesso que também não consigo tratá-lo como um filho desejado e programado. Nunca esquecerei como ele foi concebido, mas não tinha o direito de matá-lo", revelou a vítima.
Onze anos depois do fato, ela diz que ainda lembra de cada detalhe do crime. "Tenho pânico do rosto dele, dos olhos, das palavras que me disse. Naquela noite ele foi embora sorrindo. Não pensou que estava acabando com todos os meus sonhos". A mulher não casou, não teve outros filhos, nem outros relacionamentos. "Não me vejo feliz em nenhuma situação. Não quero nada. Tenho uma certa inveja de quem consegue ser feliz e me pergunto porque algo tão terrível me aconteceu", declarou.
*** Diário do Nordeste
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