A decisão foi transmitida nesta segunda-feira a todos os bloggers com páginas identificadas como conteúdo para adultos, até agora declaradamente permitido pelo Google. Estes blogues apresentavam um alerta aos cibernautas que os visitavam, sublinhando o teor de imagens e vídeos. Findo o prazo, estes blogues passarão automaticamente para “privados”, com acesso restrito a administradores e leitores autorizados. O que significa a morte destes espaços.
“Estes blogues não são apenas parte de uma comunidade que oferece uma rede alternativa, de positivismo sexual e de apoio, mas também se fazem da forma que a web funciona: milhões de ligações interconectadas. Ao tornar estes blogues acessíveis apenas por convite, matam-se imediatamente todas as conexões”, explica Zoe Margolis, do Girl with a One Track Mind, citada pelo Guardian. “Uma comunidade de longa data vai ser morta da noite para o dia.”
Margolis publica no Blogger desde 2004, um ano depois de o Google ter adquirido o serviço à Pyra Labs de Evan Williams, o co-fundador do Twitter. Ao longo de mais de uma década, a multinacional admitia a publicação de nudez e sexo explícito. As excepções eram a pornografia para fins comerciais e a “pornografia de vingança”, cuja disseminação não é autorizada por todos os intervenientes. É nesse contexto que a notificação de um mês parece curta.
Em causa podem estar mais do que se possa imaginar à partida como blogues “para adultos”. Na interpretação do ZDNet, a proibição afectará escritores de histórias eróticas, ilustradores, relatos de vidas sexuais tidas como marginais, activistas LGBT, críticos de gadgets sexuais, bloggers dedicados à moda fetichista ou à indústria da pornografia. Na nota enviada aos utilizadores, contudo, o Google refere-se apenas a imagens e vídeos. E sublinha que admitirá alguma nudez em circunstâncias artísticas, educativas, científicas ou documentais.
A política de utilização do Blogger aproxima-se assim das que se encontram noutros serviços da empresa, como o YouTube e a rede social Google+ (esta última até pede para se evitarem imagens demasiado aproximadas de rabos e decotes). Mas abdica do tráfego gerado por um sector que encontra espaço livre de constrangimentos em novas plataformas de blogues. É o caso do Tumblr, que funciona também como rede social e que foi comprada pelo Yahoo, em 2013, por 1100 milhões de dólares. O Tumblr já está à frente de “clássicos” como o Blogger ou o Wordpress.
