A cidadã chinesa Huang Youliang, última sobrevivente do grupo de mulheres que denunciou o exército japonês por usá-las como escravas sexuais na invasão à China (1937-45) durante a II Guerra Mundial, morreu neste final de semana aos 90 anos, informaram nesta segunda-feira os meios comunicação oficial chineses.
Huang morreu em sua casa em Yidui, na ilha meridional chinesa de Hainan, o que deixa “a China sem testemunhas para falar dessa parte da História”, destacou Mei Li, porta-voz da organização Hong Kong History Watch, dedicada à lembrança desse obscuro episódio da ocupação japonesa.
A idosa fazia parte de um grupo de 24 cidadãs chinesas que apresentaram uma denúncia contra o governo japonês pelo danos físicos e psicológicos que sofreram quando foram forçadas a exercer a prostituição com soldados do exército japonês. A prática do estupro atingiu milhares de mulheres à época.
A solicitação, que tinha por objetivo uma compensação de US$ 215 mil, foi apresentada em julho de 2001 perante um tribunal de Tóquio por sete mulheres, entre elas Huang.
Os tribunais japoneses reconheceram o dano sofrido pelas mulheres, mas alegaram que o seu direito a solicitar uma compensação tinha expirado e que era admissível a apresentação de uma denúncia individual contra todo Estado.
Huang foi estuprada aos 15 anos, em outubro de 1941, quando as tropas japonesas entraram no seu povoado e a obrigaram a permanecer dois anos em um bordel, chamada pelos soldados nipônicos de “mulheres de consolo”.
Com sua morte, calcula-se que existam pouco mais de uma dúzia de escravas sexuais daquela época ainda vivendo na China. Mas nenhuma fez parte do grupo que junto a Huang apresentou a denúncia ao Japão, já que algumas delas se negam a falar em público dos traumas sofridos durante a guerra.
China e Coreia do Sul estimam que pelo menos cerca de 200 mil mulheres de cada um destes países foram forçadas a exercer a prostituição durante a ocupação japonesa.
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